Afinal existe um ballet verdadeiro, e por consequência, um ballet não verdadeiro?

O termo Ballet de Verdade tem ganhado maior notoriedade no mundo da dança há um pouco mais de um ano. Com isso, muitas pessoas têm utilizado este termo gerando bastante confusão por aí.

Apesar de existir desde 1489, na Itália, o ballet chegou ao Brasil apenas em 1927 e desde então se popularizou no país sem nenhum tipo de regulação e regulamentação.

Dessa forma, qualquer pessoa pode abrir uma escola de ballet ou começar a dar aulas amanhã. Fato que gera muitos problemas desde estagnação, lesões e problemas psicológicos.

A estagnação é causada pela falta de método. Os métodos tradicionais de ballet foram criados justamente para que as bailarinas pudessem ter uma formação completa focada na máxima performance. É um passo a passo, de como o ballet deve ser ensinado para gerar mais resultados. Por isso, a falta do método tradicional tem o efeito oposto: a sensação de não estar evoluindo.

As lesões em grande maioria são causadas pelo descuido técnico e também pelos excessos. A lógica não é muito diferente de uma academia. Se você faz o movimento da forma incorreta, sem respeitar minimamente a anatomia, os riscos de lesão são maiores. Do mesmo modo, quando realizamos um movimento para o qual ainda não estamos preparados ou então exageramos seja na intensidade ou na frequência, o risco de lesão aumenta muito também.

Os problemas psicológicos vêm junto com a frustração. É comum que professores culpem as alunas pelos seus resultados ruins ao invés de tentarem ensinar direito, gerando frustrações desnecessárias, podendo evoluir para problemas psicológicos.

Se você quiser entender de uma vez por todas o que significa Ballet de Verdade, sua importância e onde surgiu, acompanhe esse artigo até final.

Boa Leitura!

O Ballet de Verdade é o ballet focado na primazia técnica e que segue à risca um único método tradicional de ensino (Royal, Vaganova, Ballanchine, etc.)

O termo surgiu para conscientizar as bailarinas da importância de se atentar a qualidade de ensino do ballet no momento da escolha da sua escola de dança para evitar frustrações e problemas futuros. A ideia central é de diferenciar o ballet com procedência do ballet de procedência duvidosa.

O oposto do Ballet de Verdade é o ballet que não foca na excelência técnica e que não segue nenhum método tradicional à risca ou mistura mais de um método.

Como falado anteriormente, o termo tem o importante papel de conscientizar a respeito da precariedade do ensino do ballet no Brasil.

Diferentemente de outros países como a Rússia e a Inglaterra, onde existe uma exigência maior de formação para dar aulas de ballet, no Brasil existem pouquíssimos professores de ballet que são formados por um único método tradicional e vivenciaram esse método em seus corpos.

Isso porque é possível contar nos dedos as escolas de dança com programas profissionalizantes robustos. Nessas escolas o custo para a formação de uma bailarina é altíssimo, pois a carga horária de aulas chega a 30 horas semanais. Não é a toa que boa parte é pública ou sem fins lucrativos.

Sendo assim, o mais comum no mercado do ballet é a contratação de ex-alunos para dar aulas sem que exista a necessidade de uma formação criteriosa.

No primeiro momento parece ser inofensivo, mas como vimos anteriormente esse tipo de prática propaga e normaliza o ensino do ballet sem método que gera a sensação de não estar evoluindo, lesões, frustrações e em alguns casos até mesmo problemas psicológicos.

Apesar de ser um termo relativamente comum, o termo começou a ser utilizado com frequência principalmente de forma intencional há pouco mais de 1 ano para justamente diferenciar o ballet com boa procedência técnica.

É difícil dizer quem teria usado o termo primeiro, mas definitivamente quem popularizou o Ballet de Verdade foi a bailarina profissional e professora Fernanda Ruschel, um dos maiores nomes do ensino do ballet hoje na internet.

Em uma de suas publicações, lives, site e materiais o termo aparece com bastante frequência.

Hoje em dia, dada a grande influência e alcance do seu trabalho, pode-se ver o termo sendo utilizado posteriormente por diversas influenciadoras de ballet.